Números do primeiro trimestre levaram armadores nacionais a refazerem suas previsões operacionais para o ano
O bom desempenho da navegação de cabotagem brasileira no primeiro trimestre levou o setor a rever e ampliar suas projeções para este tipo de transporte no ano. De acordo com a Mercosul Line, braço do Grupo Maersk na navegação nacional, a expectativa de crescimento da atividade em 2013 passou de 11% para 20%.
A cabotagem engloba os serviços de transporte marítimo ao longo de uma costa, envolvendo portos de um mesmo país ou de um mesmo subcontinente (no caso da América do Sul)
No ano passado, aproximadamente 550 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés)foram movimentados entre os complexos marítimos brasileiros. Destes, mais de 105 mil TEUs foram transportados em navios da Mercosul Line. A expectativa para este ano é que o Brasil transporte 660 mil TEUs e a armadora seja responsável por 126 mil TEUs.
De acordo com o CEO da Mercosul Line, Roberto Rodrigues, o Porto de Santos é passagem obrigatória para cerca de 40% dos contêineres de cabotagem do País. Segundo ele, o aquecimento das atividades nas regiões Norte e Nordeste é um fator que impulsiona a navegação entre portos nacionais.
Outros fatores que levaram ao aumento do serviço marítimo foram as novas regras que exigem descanso para caminhoneiros e estabelecem restrições de tráfego durante a noite. “Esses são dois grandes influenciadores para o aumento no transporte de cargas domésticas”, afirmou.
As expectativas da Mercosul Line também são positivas para a movimentação de cargas feeder – aquelas que são transportadas de um porto local até um maior, que reúne as cargas de uma região e as embarcam para outros países. O crescimento deve chegar a 30% neste ano, de acordo com as projeções da empresa.
“As linhas de navegação internacionais estão atendendo o Brasil com navios cada vez maiores, de 7 mil a 8 mil TEUs (de capacidade de transporte), proporcionando maiores oportunidades de negócio para a indústria de cabotagem”, acrescentou Rodrigues.
Essas oportunidades se devem ao fato de esses navios usados nas rotas internacionais, devido a suas dimensões e à necessidade de grandes profundidades para navegar, não conseguirem escalar em todos os portos do Brasil. A tendência, neste caso, é que essas embarcações se limitem a ir a portos como o de Santos, que acaba recebendo e concentrando as cargas de portos menores.
No entanto, problemas relacionados à eficiência dos embarques são entraves para o setor. “Eu sei que tenho quatro dias para passarem Santos, Paranaguá (PR), Itajaí (SC) e Itaguaí (RJ). O que não pode é acontecer como há três ou quatro semanas, quando o navio estava no Porto e o caminhão não chegava coma carga. Uma catástrofe”, disse Rodrigues.
ROTAS E PRODUTOS
A navegação de cabotagem é dividida em duas rotas no Brasil, sendo uma para o sul e outra para o norte. Além de direções opostas, elas apresentam características de transportes distintas.
A rota que se dirige para o sul começa no Porto de Manaus (AM) e tem como maior atividade o transporte de produtos eletrônicos, produzidos na Zona Franca. No sentido oposto, seguem cargas como matérias-primas, produtos de limpeza, material de construção, além de gado, embalagens e peças, embarcadas, na maioria dos casos, em Santos.
No primeiro trimestre, papel, alimentos congelados e produtos siderúrgicos foram as cargas mais movimentadas. Para o restante do ano, a tendência é que o transporte de alimentos congelados, materiais plásticos e de construção, além de produtos eletrônicos, predominem, assim como ocorreu no ano passado.
Todas essas mercadorias são transportadas pelos mais de 20 navios utilizados nas linhas de cabotagem que operam no Brasil. Essas embarcações são capazes de movimentar mais de 800 mil TEUs por ano, escalando em 15 portos semanalmente.
A Mercosul Line opera três cargueiros próprios e um em parceria com outras armadoras. Os portos de Manaus, Suape (PE), Santos, Paranaguá, Itajaí e Itaguaí são atendidos semanalmente. “Sei que chego terça-feira de manhã em Santos e saio na quarta. Problemas na chegada como filas de caminhões ou dificuldades no embarque comprometem essa programação”, afirmou Rodrigues.