Uma reunião para resolver a novela entre trabalhadores portuários e o Terminal Embraport ocorre na manhã desta quinta-feira, em Santos. No encontro, que ocorrerá no Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), a empresa poderá ceder às vontades da categoria e contratar, mesmo sem ser obrigada, os avulsos do Porto de Santos.
Assegurada pela nova legislação portuária, em vigor desde a regulamentação do marco regulatório, a empresa iniciou as operações no complexo santista com funcionários, não vinculados ao Órgão Gestão de Mão de Obra (OGMO). Diante dessa situação, nesta na quarta-feira, estivadores e operários portuários atearam fogo em pneus na Rua Xavier da Silveira, no Centro de Santos, durante o período da tarde.
O protesto, acompanhado pela Guarda Portuária e Polícia Militar, causou intenso congestionamento no Centro da Cidade e se estendeu até a Via Anchieta, que serve de acesso ao complexo portuário, acumulando mais de seis quilômetros no início da noite. O trânsito na Avenida Perimetral da Margem Direita (Santos) também foi prejudicado, já os sentidos foram fechados.
“Não aceitamos que o trabalho seja feito com empregados próprios”, disse o presidente em exercício do Sindicato dos Operários e Trabalhadores Portuários (Sintraport), Claudiomiro Machado. Desde o início da semana, ambas as partes negociam um acordo. Mas, apesar de defender que todo o entrave seja resolvido por meio do diálogo, o sindicalista não descarta novos protestos e até greve para garantir o mercado de trabalho da categoria.
Em fevereiro, lembra Machado, os portuários ocuparam um navio chinês atracado no terminal e garantiram, dessa forma, a remuneração pelos serviços de descarga feitos pela tripulação. Na ocasião, a Medida Provisória 595 já possibilitava a não contratação de avulsos.“Mas não é isso que queremos, ganhar sem trabalhar. Queremos, isto sim, trabalhar e ser remunerados conforme os ganhos da categoria no porto organizado”.
Na terça-feira, cerca de 100 trabalhadores foram para as ruas do Centro de Santos protestar contra a decisão da Embraport de carregar contêineres no navio Mercosul Manaus sem a presença de portuários avulsos. Após a manifestação, o grupo chegou a pedir o apoio do prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), que, diante do conflito, decidiu intermediar as negociações.
Ocupação da Codesp
Durante os protestos na tarde de quarta-feira, os manifestantes incendiaram pneus e fizeram uma barricada na principal via do Porto de Santos, que interliga a Alemoa à Avenida Perimetral. Pouco depois, por volta das 16h30, um grupo invadiu o prédio da antiga Diretoria de Operações (Dirop), onde atualmente funciona a Direção de Tráfego da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).
Os trabalhadores queriam o apoio da Autoridade Portuária na negociação com a Embraport. Mas, após intervenção do advogado da Estiva, Marcelo Vaz dos Santos, os manifestantes decidiram deixar o local, às 19 horas. Segundo ele, a Docas não se manifestou sobre o impasse, pois não foi autorizada pela Secretária Especial de Portos (Sep), órgão no qual é subordinada.
Após deixarem o prédio, os trabalhadores chegaram a bloquear a pista em frente ao edifício e soltar alguns rojões, mas não houve confronto. A Polícia Federal e a Guarda Portuária acompanharam toda a movimentação.