Com a chegada do novo ano e as projeções da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) apontando que, em 2014, o Porto de Santos movimentará 7% a mais de cargas, chegando a 122 milhões de toneladas de mercadorias – sendo quase 50 milhões de toneladas apenas de granéis agrícolas–, surge a preocupação com novos congestionamentos nos acessos ao complexo santista. Mas o problema, que chegou a níveis recordes em fevereiro, março e abril deste ano, levando ao caos o sistema viário, não deverá se repetir. Pelo menos é o que garante o diretor-presidente da Codesp, Renato Barco.
Segundo o executivo, pátios reguladores que serão implantados na região e no Interior do Estado vão evitar o colapso.
No início deste ano, entrar ou sair da Baixada Santista virou uma tarefa quase impossível. O grande fluxo de caminhões vindos das regiões produtoras do Centro-Oeste, carregados com soja e milho em direção ao Porto de Santos, fez com que o acesso à Cidade ficasse completamente congestionado.
As dificuldades no trânsito levaram importadores chineses a desistir de comprar commodities que seriam embarcadas no Porto de Santos. E esses mesmos problemas fizeram com que parte das cargas programadas para serem carregadas nos terminais da região fosse levada para o Porto de Paranaguá (PR).
Além da demora, os congestionamentos impulsionaram o preço do frete rodoviário – naturalmente mais caro que o ferroviário e o aquaviário, a ponto de representar um gasto maior, em um embarque de soja, do que o total gasto para transportar a carga de navio do cais santista até a Ásia ou a Europa.
“Sem dúvida nenhuma, o que houve de mais marcante neste ano foram, indiscutivelmente, os congestionamentos. E até hoje não se sabe exatamente por qual razão eles aconteceram. Claro que existiram fatos que colaboraram para eles terem acontecido, mas no frigir dos ovos, muita coisa não tem resposta”, afirmou o presidente da Codesp.
Barco se refere ao volume de granéis movimentados no segundo semestre, sem a incidência de congestionamentos nos acessos viários ao Porto. Enquanto em março, no auge do caos, foram embarcadas 9,3 milhões de toneladas de mercadorias pelo complexo, em agosto, o cais santista registrou a marca de 11,4 milhões de toneladas e sem grandes filas. “Houve movimento pesado, sim, não só de caminhões como de carros, mas nada que pudesse chegar perto daquilo que foi vivido principalmente no começo do ano”, afirmou Barco.
Medidas
Após o caos viário, a Codesp intensificou o agendamento de cargas com os terminais portuários. Além disso, a questão chamou a atenção do Governo Federal, que criou um grupo interministerial para cuidar dos problemas de acesso ao maior porto brasileiro. Nessa força-tarefa, a Secretaria de Portos (SEP) e os ministérios dos Transportes e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento atuam em conjunto para solucionar o problema.
O grupo elaborou um pacote com 42 medidas, que deverão ser adotadas até fevereiro próximo, para evitar novos congestionamentos nos acessos a Santos. Entre elas, a principal é a implantação de novos pátios reguladores no Planalto.
Para isto, a Codesp já abriu chamada pública para que proprietários de grandes áreas se apresentem para a implantação dos bolsões. Vale lembrar que, para abrir um pátio regulador, não são necessárias grandes intervenções. Por isso, com as áreas, a Codesp estima utilizar os pátios já no primeiro trimestre do próximo ano.
“Até o dia 20 (de janeiro), interessados podem se manifestar. Temos informações de empresas que vão se posicionar favoravelmente. Assim, acho que (as filas de caminhões nos acessos ao Porto) não voltam a se repetir. Há medidas sendo tomadas, principalmente a ação conjunta de vários órgãos do Governo, que entenderam a gravidade da situação”, afirmou Barco.
Em breve, a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) fará a cessão de duas áreas para que a Codesp as utilize como pátios de apoio. A primeira, em Campinas, tem 180 mil metros quadrados. A segunda, com 150 mil metros quadrados, fica em Ribeirão Pires.
Um terceiro pátio será implantado. E em Santos. Ele ficará no terreno da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) na Alemoa, sob a responsabilidade da Autoridade Portuária desde abril do ano passado. De acordo com Barco, a área começará a ser utilizada no início do próximo ano.
“Sobre essa área, de 226 mil metros quadrados, na Alemoa, estamos resolvendo problemas ambientais e já temos um projeto para atender à demanda imposta pelo Ibama. A ideia é utilizarmos este terreno ainda nos primeiros meses do ano”, explicou o presidente da Companhia Docas.
A ideia da Codesp e do Governo é que os caminhões carregados sejam barrados nesses pátios e só possam seguir viagem se o pátio seguinte ou o Porto tiverem condições de recebê-los. Respeitando essas regras, em caso de filas, elas se formarão nos pátios mais distantes, longe dos acessos ao Porto de Santos e à Baixada Santista.
Fonte: A Tribuna