Protestos pararam a avenida da praia e da entrada da cidade de Santos. Atos foram liderados por sindicatos que reivindicam questões trabalhistas.
Trabalhadores de várias categorias, liderados por centrais sindicais, foram as ruas nesta sexta-feira (30) para protestar sobre diversas questões trabalhistas na Baixada Santista, no litoral de São Paulo. Os manifestantes bloquearam vários pontos e entradas de Santos, o que provocou congestionamentos e transtornos para a população.
As manifestações começaram por volta das 5h. Um grupo de trabalhadores, liderados pela Força Sindical e pela Intersindical, bloqueou os dois sentidos da Avenida Martins Fontes, em frente ao Cemitério do Saboó, na entrada de cidade de Santos. Os manifestantes utilizaram faixas, cartazes e bandeiras para protestar na avenida. Eles reivindicaram o fim do fator previdenciário e mais verbas destinadas a educação, saúde e mobilidade pública. Além disso, eles protestaram contra a PL 4330, que permite a total terceirização nas empresas do país. “Vamos fazer uma paralisação e, se necessário, vamos fazer uma greve nacional”, disse o coordenador do Intersindical, Ricardo Saraiva “Big”, um dos organizadores da ação no local. O coordenador da Força Sindical, Herbert Passos, explicou que as manifestações são semelhantes as do dia 11 de julho deste ano. Segundo ele, após o primeiro protesto, os trabalhadores foram chamados para o diálogo, mas não houve ações efetivas. “Nós não queríamos fazer isso (protestar), mas, precisamos fazer pressão”, disse ele.
O trânsito ficou parado na Avenida Martins Fontes. Os ciclistas e motociclistas tiveram que seguir andando pela ciclovia, empurrando os veículos. Por conta do bloqueio na avenida, caminhões e ônibus não conseguiram seguir viagem. Muitas pessoas desceram dos fretados e, principalmente, de ônibus de viagens. Elas seguiram a pé pela avenida, algumas com malas, até a rodoviária de Santos. “Estou vindo do Rio de Janeiro e, agora, por causa do protesto, tenho que descer do ônibus e seguir a pé até a rodoviária. A gente perde a noite toda, chega aqui e fica nervoso com isso”, afirmou a desempregada Ana Paula Cícera, que carregava uma mala. Durante o protesto, um dos manifestantes entrou em um caixão para pedir o fim do fator previdenciário. Eles carregaram o caixão durante todo o ato.
Por volta das 6h, outro grupo de manifestantes, liderados pela CUT, fecharam a Avenida da Praia nos dois sentidos, na altura da divisa de Santos e São Vicente. Com o bloqueio, ninguém conseguia chegar nas duas cidades. “Nós defendemos as mesmas bandeiras da última manifestação, como o fim do fator previdenciário e o fim dos leilões da Petrobrás. Além disso, estamos contra a PL que amplia a terceirização. O trabalhador perde muito com isso”, disse Mário César Soares, coordenador da CUT.
Filas gigantescas de carros e ônibus permaneceram durante algumas horas por boa parte da orla. O congestionamento na avenida da praia chegou até a Avenida Presidente Wilson, próximo ao Centro de São Vicente. Alguns moradores não conseguiam sequer tirar os carros das garagens. “Estou em casa, aguardando uma definição da situação para iniciar meu dia de trabalho em Santo André. Só não quero ficar parado e ser alvo de vândalos”, falou o vistoriador naval Renato Forster.
Os motociclistas foram proibidos de passar pela avenida e muitos seguiram andando pela ciclovia. Um deles não quis seguir a orientação dos manifestantes e acabou discutindo com eles. Já Fábio Crescentino, médico cirurgião, estava de carro e não conseguiu sair da manifestação. “Saí de casa 5h30 pra fazer plantão em Santos e dei de cara com a paralisação. O Hospital está com o centro cirúrgico parado e os pacientes vão ter que esperar. Eles deviam paralisar em frente ao Palácio do Planalto. Isso aqui é um dano social que não tem sentido”, reclamou.
Como as manifestações causaram congestionamento em vários pontos da região, muitos motoristas tiveram que buscar rotas alternativas. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos (CET), os veículos que transitavam pela Avenida Nossa Senhora de Fátima no sentido São Vicente-Santos tiveram que fazer o desvio para o morro da Nova Cintra, a partir da Rua Francisco Ferreira Canto, na Caneleira, que também registrou tráfego lento e intenso. As linhas de transporte coletivo que costumam utilizar a avenida também adotam o morro como caminho. Também segundo a CET, funcionários ficaram entre as ruas Visconde de São Leopoldo e Cristiano Otoni, no Centro, orientando motoristas sobre os trechos bloqueados. Os ônibus para São Paulo não saíram da rodoviária de Santos. O último que deixou o local, por volta das 4h30, foi para o aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Por volta das 9h, os manifestantes que estavam na avenida Martins Fontes seguiram em caminhada para o Centro de Santos. Eles continuaram carregando bandeiras, faixas e foram acompanhados por um carro de som que anunciava as reivindicações dos trabalhadores. Durante a caminhada, o grupo resolveu invadir o Terminal Rodoviário de Santos. Eles bloquearam a entrada e a saída dos ônibus municipais e intermunicipais. O grupo deixou o local por volta das 11h e foi para a Praça Mauá.
Os manifestantes que estavam na divisa entre Santos e São Vicente também seguiram em caminhada para o Centro de Santos. Eles entraram na avenida Pinheiro Machado e também carregavam faixas e bandeiras. Com a saída dos manifestantes, o trânsito na avenida da praia começou a melhorar e depois foi normalizado.
Os dois grupos se reuniram na Praça Mauá, por volta das 11h, em frente a Prefeitura de Santos. Alguns comerciantes decidiram fechar as portas das lojas com medo das manifestações, mas não houve registro de nenhum dano já que o protesto foi pacífico. Na praça, eles esticaram novamente as faixas e bandeiras. O caixão representando o fim do fator previdenciário foi colocado nas escadarias do prédio da prefeitura, que foi cercado por guardas municipais para manter a segurança. Após o discurso de todos os representantes das centrais sindicais, os manifestantes encerraram o protesto pacífico e deixaram a Praça Mauá.