A partir do próximo domingo, as concessionárias que administram as rodovias do Estado de São Paulo estão autorizadas a iniciar a cobrança de pedágio dos veículos comerciais contabilizando os eixos suspensos. Alvo de reclamações, a nova tarifação, assim como ocorreu no início do mês, poderá parar as estradas da região durante protesto a ser organizado pelos próprios caminhoneiros.
Na prática, isso significa que a tarifa dos caminhões passa a ser calculada considerando todos os eixos que compõem os veículos, independente de estarem em contato com o pavimento ou não, assim como já acontece nas rodovias federais. Cabe às concessionárias adaptarem seus sistemas de cobrança e identificação de veículos para efetivar a cobrança.
Em contato com diretores do sindicato dos caminhoneiros do Litoral de São Paulo, a reportagem de A Tribuna On-Line apurou que uma reunião será realizada na tarde desta quinta-feira para definir quais as ações serão tomadas. Nada foi descartado, inclusive o bloqueio de rodovias, principalmente aquelas que servem de acesso ao Porto de Santos.
“Vamos decidir com a categoria. Mas isso vai desencadear novos protestos, com possibilidade de paralisação de todas as rodovias por tempo indeterminado”, alerta o presidente do sindicado dos caminhoneiros do Litoral de São Paulo, José Nilton Oliveira. Segundo ele, enquanto o Estado “insistir” na cobrança, a categoria vai se mobilizar para não “sofrer abusos”.
Adiamento
A cobrança do eixo suspenso já havia sido anunciada há um mês como uma das medidas adotadas para possibilitar o reajuste zero das tarifas de pedágio esse ano – contratualmente era previsto um aumento de 6,5% em todas as praças da malha estadual no dia 1º de julho. Os novos valores foram adiados devido às manifestações que bloquearam rodovias por mais de 24 horas.
Segundo o Estado, a medida, alinhada com uma política de transporte público do governo estadual que tem como objetivo baixar os custos de transporte e torná-lo mais eficiente e mais seguro, ao reduzir as ocorrências de suspensão de eixo em movimento com o veículo carregado. A cobrança permite, ainda, uma concorrência mais justa entre os transportadores e reduz o desgaste do pavimento.
A adoção do novo método de cobrança também é necessária para a ampliação do Sistema Ponto a Ponto para os veículos comerciais e sua expansão para todo o Estado. O Sistema, que permite o pagamento de pedágio por trecho percorrido, torna o modelo de cobrança mais justo. Na SP 360 – primeira rodovia a receber o Ponto a Ponto, os usuários economizaram cerca de R$ 600 em um ano de utilização.
Manifestação
No início do mês, em 2 de julho, depois de 25 horas de manifestação promovida pelos caminhoneiros, a Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-248/55), na altura do Km 250 (praça de pedágio da Área Continental de Santos). A Tropa de Choque de São Paulo, com 120 militares, conseguiu dispersar os caminhoneiros que não concordam com a cobrança individual de caixa eixo dos veículos comerciais.
“Eles chegaram atirando bombas de gás lacrimogêneo. Não respeitaram ninguém”, disse o presidente do sindicato dos Caminhoneiros do Litoral de São Paulo, José Nilton Oliveira. Segundo o sindicalista, não houve negociação. Apesar de os motoristas apresentarem resistência, a ação da polícia não deixou feridos. A desobstrução da rodovia foi rápida e durou pouco mais de 30 minutos.
Depois do enfrentamento na Domênico Rangoni, José Nilton também pediu para que fosse liberada a entrada do Porto de Santos pela Avenida Engenheiro Augusto Barata (Retão da Alemoa). “A cobrança (dos eixos) foi suspensa temporariamente, então o protesto para hoje”, afirmou. Se o Governo do Estado determinar a nova obrigatoriedade do pagamento dos eixos desses veículos, poderá haver outros bloqueios.
Fonte: A Tribuna