Após rápido intervalo neste domingo, os trabalhadores avulsos do Porto de Santos prometem voltar a bloquear, na tarde desta segunda-feira, o acesso à nova instalação da Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), localizada na Ilha Barnabé. A expectativa é pressionar os executivos da companhia antes de mais uma reunião, marcada para ocorrer nesta terça-feira.
“Voltaremos lá com mais estivadores. Nossa manifestação permanecerá pacífica, mas fecharemos a entrada e a saída dos caminhões”, afirma o presidente do Sindicato dos Estivadores Rodnei Oliveira. Segundo ele, a previsão é tudo ocorra após a escalação das 13 horas, onde serão convocados os trabalhadores para a manifestação.
Além disso, Rodnei garante que não haverá ocupação pelo mar, como já ocorreu das outras vezes. “A Polícia Federal está fazendo a segurança do navio, como se fosse empresa privada contratada pelo terminal. É um vergonha, um absurdo”, critica o presidente da estiva. A Reportagem não conseguiu contato com a assessoria de comunicação da PF.
Na última sexta-feira, a empresa apresentou proposta para que houvesse uma transição do trabalho avulso para o vínculo empregatício. Nestas condições, 50% da mão de obra seria avulsa e 50% vinculada às operações por 90 dias. Depois do período, haveria imediata vinculação.
No entanto, os estivadores negaram negociação com a Embraport e resolveram se manifestar impedindo a circulação de veículos na estrada de acesso à empresa. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Portuários (Sintraport), Claudiomiro Machado, o Miro, a categoria não é contra a Lei dos Portos, mas entende que a empresa não a cumpre corretamente.
“A Embraport não contratou primeiramente os trabalhadores vinculados ao Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo). Não houve nenhuma negociação com o Sindicato”, avalia. Na terça-feira, às 9 horas, o Sindicato deve promover assembleia com a categoria, em Santos. “A princípio, vamos ficar até terça. Mas, nós chegamos no limite com a Embraport”.
A assessoria da Embraport informou que não houve paralisação de operação do navio. Entretanto, os trabalhadores bloqueavam a movimentação terrestre (de caminhões) e de funcionários do terminal.
Ferido
Enquanto isso, o caminhoneiro Leonardo Nascimento da Conceição, de 37 anos, que teve o olho direito atingido por material de fogos de artifício na madrugada de sábado no protesto realizado pelos estivadores, permanece internado na Santa Casa de Santos. De acordo com informações da assessoria de imprensa do hospital, ele passa bem e não corre risco de perder a visão.
“Ninguém sabe ainda se eu vou ter que fazer uma cirurgia. No domingo, falavam que eu ia ter alta hoje (segunda), mas não é isso o que vai ocorrer”, desabafa. Segundo ele, um especialista ocular deverá examiná-lo ainda hoje para verificar a necessidade de qualquer procedimento.
O homem conta que, no momento do acidente, foi até o local do acampamento, na via de acesso ao terminal da Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), na Ilha Barnabé, com seu veículo de passeio para conversar com o motorista de seu caminhão que estava parado desde a tarde de sexta-feira na estrada devido ao bloqueio feito pelos protestantes.
“Ao sair de lá, vários estivadores me abordaram e não queriam me deixar passar. Quando percebi, soltaram fogos perto do meu veículo e tive minha visão afetada”, diz. Nervoso, Conceição foi até o Hospital Santo Amaro, mas no local, não havia um médico especialista. Ele então foi orientado a procurar a Santa Casa de Santos.
Representantes da Embraport e do Sindicato dos Estivadores mantém contato e prestam solidariedade à vítima.
Fonte: A Tribuna